Depoimentos de educadores marcam lançamento do primeiro volume da trilogia “Cartas dirigidas a Paulo Freire”

27 de março de 2021


O Ano Paulo Freire na Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) foi oficialmente aberto, e em grande estilo. Com a presença da reitora, professora Célia Regina Diniz; da vice-reitora Ivonildes Fonseca, do secretário de Educação do Estado da Paraíba, Cláudio Furtado; e de diversos professores envolvidos no projeto, a Editora Universitária (EDUEPB) lançou, na noite desta sexta-feira (26), o primeiro volume da trilogia “Cartas a Paulo Freire: escritas por quem ousa esperançar”.
Por conta da pandemia, o lançamento aconteceu on-line, com transmissão ao vivo pelo canal Rede UEPB no YouTube, O livro, publicado em parceria com a editora A União, faz parte das comemorações da UEPB no ano do centenário do educador, escritor e filósofo Paulo Freire. Alguns dos editores e autores da obra participaram do lançamento.

Ao participar da mesa virtual, a reitora Célia Regina Diniz destacou a importância do primeiro volume da trilogia e lembrou que a UEPB instituiu 2021 como o Ano Paulo Freire na Instituição. A reitora lembrou que Paulo Freire sempre desejou reunir pessoas que movidas pelos sonhos de uma educação humanizadora e transformadora pudesse aprofundar as suas reflexões e melhorar as suas práticas.
“Nós acreditamos em uma educação inclusiva, que rechace preconceitos e que tenha por missão a acolhida e o cuidado. Nós acreditamos na valorização da cultura, das memórias, dos valores, dos saberes e das matrizes culturais e intelectuais do povo, contrapondo-se à lógica de que era necessária a subordinação de uns para garantir a dominação de outros. E essa valorização deve ser cultivada e perseguida por todos”, destacou a reitora, enfatizando a exitosa parceria da UEPB com o Governo do Estado.
A jornalista Naná Garcez, presidente da Empresa Paraibana de Comunicação (EPC), também participou do evento e destacou o legado de Paulo Freire. Ela apontou a importância da trilogia que presta homenagem ao educador, destacou a parceria da UEPB com a EPC, que tem rendido bons frutos, a exemplo do lançamento do livro comemorativo ao centenário de Celso Furtado, realizado no ano passado.
O professor Luciano Albino, chefe de Gabinete da UEPB e um dos editores da obra, também participou do lançamento. Ele enalteceu a vida e a trajetória do educador homenageado. Luciano lembrou que Paulo Freire, já em 1963, em Angico, no interior do Rio Grande do Norte, sonhava alto e desenvolveu um projeto de alfabetização de forma inovadora e ousada para pessoas simples, iniciando assim, o processo de conscientização de uma leitura crítica. “Paulo Freire representa a expectativa de uma nova visão de mundo que naquele momento ele desejava, um país mais inclusivo e menos desigual”, afirmou Albino.

Como uma das autoras do livro, a vice-reitora da UEPB, professora Ivonildes Fonseca, destacou que a trilogia é um projeto encantador que inspira e desperta muitos educadores a escrever cartas nesse tempo de modernidade e dos avanços da tecnologia. “Um projeto como esse nos acalenta, nos dá força para viver e energia para transmitir os nossos votos de coragem para quem está sofrendo. Neste momento em que a gente precisa exercitar a solidariedade e a compaixão por todas as pessoas que estão sendo tragadas pela pandemia”, disse.

Em sua participação, o secretário de Educação do Estado, professor Cláudio Furtado, que na oportunidade representou o governador da Paraíba, João Azevêdo, também enalteceu a importância da obra no centenário de Paulo Freire, e destacou o legado do educador que teve obras como a “Pedagogia do Oprimido”, uma das mais citadas no mundo inteiro. Ele considerou a trilogia como um marco nas comemorações do ano Paulo Freire na UEPB. “É importante essa homenagem a Paulo Freire para reafirmarmos que a educação é muito importante” destacou.

Autores falam da experiência em participar da trilogia
Durante o lançamento da trilogia “Cartas a Paulo Freire: escritas por quem ousa esperançar”, o diretor da EDUEPB e coordenador da obra, professor Cidoval Morais, além de diversos autores participantes do projeto, falaram um pouco da importância e da experiência em escrever cartas inspiradas em quem tanto os mostrou o caminho da educação libertadora. Cidoval fez a apresentação da obra e ressaltou que o projeto pretende discutir o legado do patrono da educação brasileira em um formato simples e acessível a todos.
“É o primeiro volume de uma trilogia de cartas, não necessariamente pedagógicas como Freire gostava de escrever. São cartas de saudades, de amorosidade, de boniteza, de lembranças, de reconhecimento e de reafirmação de um legado que marcou profundamente a nossa história, de atualização de leituras de mundo, de ousadias de reinvenção e esperança”, destacou.
O pró-reitor de Cultura da UEPB e membro do Grupo de Estudos Paulo Freire (GESPAUF), professor Cristóvão Andrade, que também é autor deste primeiro volume, destacou a importância de Paulo Freire na construção de um novo tempo a partir da educação. O professor classificou como histórico o lançamento da trilogia que serve para mostrar que a utopia pode virar realidade.
Outros autores também participaram do evento, a exemplo do professor Vinício Carrilho Martinez, da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), da professora Rosane Zimmer, da PUC/RS, além do professor da UEPB Waldeci Ferreira Chagas, e os poetas Janduhi Dantas e Josenildo Lima, que também é pró-reitor adjunto de Gestão de Pessoas da UEPB.

O volume 1 da trilogia
O primeiro volume do livro “Cartas a Paulo Freire: escritas por quem ousa esperançar”, tem 450 páginas, mais de 100 autores envolvidos, 70 cartas abordando diversos temas, além de proporcionar leituras atualizadas e reinventadas. As cartas foram escritas por professores e professoras, educadores e educadoras de todas as regiões do país. O lançamento do primeiro livro está marcado para a quarta-feira (7), no site da EDUEPB.
O livro tem como editores os professores Antônio Roberto Faustino, Fabíola Mônica da Silva Gonçalves, Ivonildes da Silva Fonseca, José Cristóvão Andrade, José Luciano Albino Barbosa, Waldeci Ferreira Chagas, e as professoras Lidiane Rodrigues Silva, Patrícia Cristina de Aragão, docentes de vários câmpus da UEPB. Segundo o professor Cidoval, eles participam desde a articulação do projeto, leitura das cartas e o processo de edição.
O projeto foi construído em associação com outros eventos e produtos que marcam o centenário de Paulo Freire na Paraíba, no Nordeste, no Brasil e no mundo. “É neste contexto que a EDUEPB marca presença nas comemorações, assegurando não apenas os registros mais significativos desses eventos, mas, também, ampliando redes de colaboração e tecendo novas possibilidades dialógicas” destacou o professor Cidoval.
Texto: Severino Lopes
Fotos: Reprodução Rede UEPB