“Café e Ciência” promove debate sobre biodiversidade, instabilidade climática e desertificação no Semiárido

“Café e Ciência” promove debate sobre biodiversidade, instabilidade climática e desertificação no Semiárido
18 de setembro de 2019

O Centro Acadêmico de Biologia – Rosalind Franklin promoveu, em parceria com a Coordenação e Chefia de Departamento do Curso de Biologia da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), um debate envolvendo questões atuais acerca de vulnerabilidades relacionadas à biodiversidade, instabilidade climática e o fenômeno da desertificação da região do Semiárido brasileiro. O evento foi aberto na manhã desta quarta-feira (18), no Anfiteatro II do Centro de Ciências e Biológicas da Saúde (CCBS), com uma palestra e uma mesa redonda. Estudantes e professores participaram da atividade que se repete no turno da tarde e à noite.

A mesa redonda foi coordenada pela professora Dilma Trovão, que fez um preâmbulo destacando assuntos importantes em discussão em todo o Brasil, seja pela divulgação dos dados científicos sobre o clima brasileiro, a grande quantidade de focos de incêndio na Floresta Amazônica e no Cerrado, bem como a política do Governo Federal de desvalorização da pesquisa universitária. “Estamos em um momento onde se colocou em xeque o conhecimento científico. Isso é muito perigoso. É preciso discutirmos como a biodiversidade e suas vulnerabilidades estão sendo vistas no Brasil”, disse.

Já para o professor João Marcelo Moreira, membro do Projeto de Desenvolvimento Sustentável do Cariri, Seridó e Curimataú (Procase), é preciso que o estudo da região do Semiárido seja feito a partir do povo que convive e conhece essa região. De acordo com ele, o convívio com o Semiárido oferece experiências que têm a capacidade de explorar, do ponto de vista sustentável, a região a partir de sua estrutura biológica e climática. “O sertanejo e o caririzeiro são detentores de um conhecimento que possibilitam o convívio com o Semiárido e não com o enfrentamento dos problemas dessa região”, afirmou.

Também participaram do debate o professor Aldrin Martin Pérez Marin, pesquisador do Instituto Nacional do Semiárido (Insa), e o estudante de Biologia e agricultor, Mateus Manassés. O evento, que tem como tema geral “Biodiversidade em crise: desmatamento, queimadas e mudanças climáticas”, preparado em alusão ao Dia do Biólogo, celebrado em 3 de setembro, foi aberto com a participação da professora Maria José Lima, pró-reitora de Pós-Graduação da UEPB; da professora Thelma Lúcia Pereira, chefe de Departamento de Biologia; e da estudante Bárbara Lima, presidente do CA de Biologia.

Pesquisador chama atenção ao estigma do Semiárido

A ideia de combate à seca, partindo do enfrentamento a um fenômeno natural, também foi o tema central da palestra “Desertificação e estratégias de enfrentamento na perspectiva da convivência com a semiaridez”, proferida pelo pesquisador do Insa, Aldrin Martin Pérez. Durante sua exposição, Aldrin Martin expôs que há muito tempo existe uma cultura do Semiárido voltada ao benefício político e que essa prática reforça um estigma negativo a uma área rica que, se trabalhada cientificamente, pode proporcionar grandes ganhos à população local.

“Temos que entender que precisamos partir para uma convivência com a semiaridez através da prática agroecológica como um processo científico de transformação social. O uso sustentável da região quebra o monopólio das classes dominantes e abre uma possibilidade de desenvolvimento de culturas sustentáveis que são fundamentais para o desenvolvimento da região”, destacou o pesquisador.

A programação do “Café e Ciência” segue, à tarde, com uma visita à Estação de Tratamento de Água do Centro de Ciência e Tecnologia (CCT) da Instituição e a construção de um jardim na área de convivência do Centro Acadêmico de Biologia. À noite, novamente no Anfiteatro II, acontece a exibição do filme “Uma verdade Inconveniente”, sendo realizado um debate com os presentes e, em seguida, o encerramento do evento.

Texto e fotos: Givaldo Cavalcanti