Museu de Arte Popular completa 13 anos com abertura da exposição “Anônimos & Famosos”
O Museu de Arte Popular da Paraíba (MAPP) da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), em Campina Grande, abriu, no último sábado (13), “Anônimos & Famosos” — exposição do fotógrafo César di Cesário. Artistas, produtores culturais, gestores da área e pesquisadores, estiveram no vernissage, além de visitantes prestigiando o evento e a mostra.
“Anônimos & Famosos”, que conta com 90 fotografias, foi aberta pelo diretor do MAPP, professor José Pereira da Silva, pelo coordenador de Comunicação da UEPB, Hipólito Lucena, e por César. Na oportunidade, destacou-se o aniversário do MAPP, justamente naquele dia. Para o professor Pereira, o Museu chegou aos 13 anos cumprindo uma missão clara no que concerne à preservação, pesquisa e difusão da cultura, mantendo-se cada vez mais próximo da comunidade. Já Hipólito Lucena mencionou o caráter diverso e dinâmico da programação do MAPP, com atividades educativas e práticas que agradam a todas as plateias, contribuindo para integrar o Museu ao cotidiano de Campina e trazendo um reconhecimento merecido, como parte do patrimônio da Paraíba.
Em sua fala, César ressaltou principalmente a adesão das pessoas ao projeto. “Todo mundo concordou, gostou e isso foi muito gratificante. Pensou-se a exposição de modo a manter a marca ‘Anônimos Famosos’ viva e atual. Na primeira, fotografei personagens emblemáticos de Campina. Nessa, criamos um subtítulo que é ‘A maior riqueza de uma cidade é seu povo’. Retratar indivíduos também é um jeito de demonstrar que cada pessoa é importante dentro de uma comunidade. A escolha foi feita a partir da relevância deles no contexto social, independentemente de classe ou cargo. A exposição física será a que foi exposta nos pontos de ônibus e completou 18 anos, esta ficará na parte térrea do Museu. A mapeada será exibida de sexta a domingo, na fachada do prédio”, detalhou.
Fizeram-se presentes à ocasião, entre outros, os homenageados pelo projeto, Ceiça Gomes, Mayara Rocha, Rossandra Morais, Josafá de Orós, Zé do Pife, Erik Marreiro (que na foto é ladeado pelo pai, Afonso Marreiro), Cleudo Ramos, Adjalmir Rocha, Moisés Alves, Dilson Rocha, Carlos Mosca, Eneida Maracajá, Fred Ozanan, e Maysa Gadelha, representando a filha, Marina Gadelha.
Fotógrafo profissional desde 1992, César di Cesário iniciou sua atuação como documentarista do Grupo de Apoio de Prevenção à Aids (Gapa), em Porto Alegre (RS). É criador e coordenador da 1ª Mostra de Fotografia Contemporânea de Campina Grande e idealizador e fotógrafo da revista “Etc”. Teve trabalhos publicados em revistas nacionais e internacionais, a exemplo da Veja, Superinteressante, Caras, Planeta, Folha de São Paulo, bem como de jornais e suplementos culturais do Nordeste, e da revista italiana Collezione.
Trabalhou em diversas agências de publicidade, com ênfase em arquitetura, moda, indústria, produtos, editoriais e eventos. Possui experiência em múltiplos projetos, abrangendo, notadamente, pesquisa e documentação junto a ONGs, universidades, órgãos públicos e instituições centradas em cultura popular, artesanato e desenvolvimento sustentável.
Desde o começo de sua carreira, integra exposições coletivas e individuais, com destaque para mostras em Porto Alegre e São Paulo, figurando, entre elas, “Água”, “Além da Parede”, “Intolerância”, “Consciência Revelada”, “Cores e Formas do Folclore”, “Dois” (com Antônio Labas), “Palco Música” e “Palco Dança”.
“Capturando a alma das coisas e das pessoas”
Um dos homenageados pela exposição foi o curador e diretor dos Museus da Prefeitura Municipal de Campina Grande (PMCG), Angelo Rafael. “Participei como amigo de César e admirador de sua arte, desde o ‘Anônimos Famosos’, exposição feita antes, em cuja produção eu estava. Nessa segunda proposta, foi muito interessante ele ter lembrado de mim, porque costumo trabalhar nos bastidores. Fiquei contente por ser reconhecido, no sentido de dar minha colaboração para a construção de uma cidade melhor, de uma cidade com identidade”, disse.
Na foto, Angelo aparece com uma orquídea, à maneira do escritor irlandês Oscar Wilde, que costumava posar com flores, a exemplo de girassóis e lírios, para transmitir um maior simbolismo estético. “Ela, para mim, não significa sofisticação, mas precisão, cuidado, cuidar dos outros, da cidade, dos museus… Sendo curador, há uma carga simbólica relacionada, pois lido com artistas, com o que há de mais sagrado que existe para eles, que são as obras. Gosto do elaborado, do diferente, do rebuscado, vou do Barroco ao Contemporâneo e, a exemplo de Wilde e de Ariano, sou esteta”, explicou.
Já a professora e cantora Fidélia Cassandra destacou o quanto César é meticuloso e criativo. “Na foto, estou com o manto do artista Arthur Bispo do Rosário, que confeccionei com meus alunos. É o figurino com que ele dizia que se apresentaria a Deus, no dia do Juízo Final. Para mim, foi bem representativo, emocionante mesmo, porque estávamos trabalhando em sala de aula o tema da saúde mental e várias questões pessoais dos estudantes foram relatadas. Na obra de Arthur há, sobretudo, as vivências dele e bastante religiosidade. No manto, por exemplo, tinha cruzes penduradas e outros motivos afins, a composição ficou ótima, gostei demais do resultado e foi justamente a foto com esse figurino, a que César escolheu”, afirmou.
Para o ator e diretor Chico Oliveira, coordenador do Núcleo de Formação, Pesquisa e Experimentação Teatral da UEPB, participar da exposição significou um reconhecimento ao conjunto artístico desenvolvido por ele, em Campina. “Foi uma alegria ser chamado por César. Ele tem um olhar muito sensível para o que capta, através da fotografia. Tenho certeza de que todas as fotos foram para além da imagem física, da parte externa… Ele capturou um pouco da alma de cada um. Arte é isso, conseguir reter a alma das coisas, das pessoas. Porque as coisas, para mim, artisticamente, têm alma. Como sou de teatro, por exemplo, nele a gente confere alma a um ser inanimado e dá para sentir aqui na exposição o quanto ele foi feliz na escolha, não só dos personagens, mas de como retratar essas figuras, sejam famosas ou anônimas. Conheço o César desde a década de 80, então ele me vê desde lá, por isso, entendi minha participação não como um convite ‘do que faz agora’, mas ‘do que vem fazendo’. Acredito que estar na exposição teve em vista esse trabalho de tanto tempo”, apontou.
Texto: Oziella Inocêncio
Fotos: Hugo Tabosa e Iasmym Lacerda (Divulgação)
Acesso à Informação




Você precisa fazer login para comentar.